terça-feira, 5 de maio de 2009

Um pouco de História

MINI CARROS (CARROS-BOLHA)

Bolha ou ovo? Carro ou moto? A verdade é que eram muito estranhas aquelas engenhocas que, no final da década de 50, passaram a freqüentar ruas e estradas brasileiras. Os Romi-Isettta tornaram-se uma sensação. Passada a fase do modismo, porém, o nosso nascente mercado consumidor voltou ao hábito dos carros grandes. E a pioneira Romi, de Santa Bárbara d´Oeste, SP, deixou de produzi-los.Foi uma coincidência mundial. Também na Europa, onde surgiram, os "bubble cars" (carros-bolha) começaram a perder seu espaço.

Esses carrinhos apareceram primeiro na Alemanha, no final dos anos 40, para atender a um respeitável mercado composto de consumidores ávidos por aventura e extravagância. E com pouco dinheiro no bolso. Construtores como Hermann Holbein, da herrlingen, começaram a produzir minúsculos carros de dois lugares equipados com motores de motocicletas de 250cc para "preencher a lacuna existente entre a motocicleta e o carro pequeno atual”.


O impacto inicial do lançamento desses carros foi restrito, apesar da inovação técnica de sua suspensão por borracha em torção. Mas, se em 1952 as vendas dos Champion de Holbein eram ridículas, no ano seguinte chegaram a um total de 2.000 unidades. Em 1955 a produção dos Champion foi totalmente assumida pela Maico, fabricante de motocicletas, pois a Herrlingen de Hermann Holbein simplesmente não dispunha de força industrial para continuar tocando o projeto.
Também em 1953, na Itália, surgia o primeiro Isetta, já no formato de ovo, como ficou conhecido no Brasil. Produzido pela Iso, de Milão, tinha motor traseiro de dois tempos, inicialmente com 197cm3 e depois com 236cm3 e dois cilindros, que dispunham de apenas uma câmara de combustão, comum aos dois.
"Corajosa e engenhosamente pouco ortodoxo", simples, mas de modo algum grosseiro, pequeno, mas bonito, o Isetta poderá revelar-se o pioneiro de um desenvolvimento tão importante quanto a motoneta que, firmada primeiramente na Itália, estabeleceu-se agora em toda a Europa e até mesmo em lugares mais distantes", comentava The Motor numa de suas edições de 1955, ano em que o Isetta passou a ser produzido também na Bélgica. Montado em chassi tubular que se afunilava na traseira, com eixo de bitola estreita (o diferencial era dispensável, pois a distância entre os eixos não excedia 48cm), ele tinha rodas dianteiras com molas independentes. Seu motor de dois tempos, sustentado por borracha do lado direito do chassi, acionava as rodas traseiras por meio da transmissão de quatro marchas sincronizadas e de corrente dupla totalmente coberta.

Montado em chassi tubular que se afunilava na traseira, com eixo de bitola estreita (o diferencial era dispensável, pois a distância entre os eixos não excedia 48cm), ele tinha rodas dianteiras com molas independentes. Seu motor de dois tempos, sustentado por borracha do lado direito do chassi, acionava as rodas traseiras por meio da transmissão de quatro marchas sincronizadas e de corrente dupla totalmente coberta.
Mas a coluna de direção era a característica mais marcante do Isetta. Montada na parte dianteira, com juntas universais no fundo, a direção ia para a frente ao se abrir a porta.
Era, enfim, basicamente um carrinho de forma arredondada, com janelas largas. Seu tipo deu origem ao apelido pelo qual seriam conhecidos todos esses veículos econômicos de sua época: "carro-bolha". Com apenas 225cm de comprimento, o Isetta podia ser estacionado com a porta junto ao meio-fio - nessa posição, quatro desses carros-bolha ocupavam praticamente o mesmo espaço que um automóvel americano de tamanho médio.
E é claro que seu desempenho estava longe de poder ser considerado assombroso, embora se falasse de um consumo de 20km/l e de uma velocidade máxima de 80km/h.

A montagem dos Isetta era também feita na França, pela Velam, mas eles só ficam famosos, mesmo, depois que a BMW alemã passou a produzi-los, em 1954, aprimorando as especificações com motores monicilíndricos de quatro tempos e 245cc, de sua própria fabricação.

Das linhas de montagem da BMW passaram a sair 200 unidades por dia; em fins de 1956 o chassi já fora reprojetado, e uma versão conversível ganhara as ruas. Já na Itália, um ano antes, a Iso interrompera a produção dos seus Isetta.
Em outubro de 1956, mais de 80.000 carros-bolha haviam sido produzidos nos últimos dezoito meses, pela BMW e pela Glas - o mercado parecia bastante promissor. Por ocasião do Salão de Frankfurt, a imprensa assinalava que o grosso dessa produção era de carros pequenos genuínos, e não de motonetas, embora as diferenças parecessem puramente terminológicas.
"Na verdade", acentuava The Autocar, "tendências de queda repentina não foram observadas pelos fabricantes de carros pequenos genuínos, enquanto os fabricantes da variedade motoneta tiveram que diminuir a marcha e até reduzir o ritmo de trabalho."

E surgiram novos fabricantes, como a popularíssima Messerschimitt, que em 1953 assumira a produção do carro de três rodas da Fend. Em 1958 e 1960 ela oferecia no mercado uma versão de quatro rodas e motor de 500cc, o TG500 Tiger. O motor era um Sachs de dois tempos, e a inversão foi criada com a troca da popularidade do Dynastart e com a transferência do motor para a parte traseira.
Em 1954 outra famosa fábrica de aviões, a Dornier, mostrou um carro-bolha de quatro rodas ainda mais extravagante, cujos bancos davam-se as costas; e o motor monocilíndrico ficava colocado exatamente entre eles.

As duas portas, dianteira e traseira, deram origem ao nome do carro projetado por Claudius Dornier: Janus, o deus romano de duas caras.
O motor, monocilíndrico horizontal de dois tempos e 248cc, desenvolvia 14cv, o suficiente para chegar aos 85 km/h e a um consumo de 23km/l. Mas em 1958 decidiu-se que sua produção deveria ser suspensa.
Depois da Messerschimitt e da Dornier, a Heinkel, outro gigante da indústria aeronáutica alemã, entrou também no mercado dos carros-bolha, lançando em 1955 um três rodas semelhante ao Isetta. No ano seguinte, seu motor passou de 175cc para 204cc, e o carro ganhou rodas duplas traseiras. Em 1958 s licença de fabricação passou para a Dundalk, da Irlanda do Norte, que a repassou quatro anos depois para a firma inglesa Trojan. Foi o Trojan 200, um projeto já obsoleto e sem maiores pretensões.
Semelhante ao esquema do Heinkel original era o do Fuldamobil, que surgiu em 1950 como um cupê de aparência estranhíssima e painéis de alumínio sobre uma estrutura de madeira. Sua suspensão dianteira, independente, consistia em forquilhas forjadas, aparafusadas às extremidades de uma mola tansversal - em 1956 suas rodas passaram a ser duplas.

"Relativamente rápido" era o Goggomobil, de 293cc, produzido pela Glas "como pipoca": 170 por dia. Mas, no final de 1956, ele já perdia suas características de bolha para se transformar num autêntico carro pequeno.

O Spatz (pardal), depois Victoria, foi fabricado de 1955 a 1958 pela Victoria, subsidiária de uma das maiores produtoras de motos da Alemanha. Era considerado "o Mercedes do homem pequeno". Em 1956, ao tourer aberto original juntou-se um cup
Nessa época os carros-bolha já apareciam também em outros países, além da Alemanha e da Itália. O Opperman Unicar inglês sobreviveu por três anos, até 1959, com suas quatro rodas, bitola traseira estreita e sem diferencial. Montado na traseira, seu motor era um British Excelsior monocilíndrico, de dois tempos e 322cc. Custava apenas 399 libras e 10 shillings.

A característica mais interessante do Unicar era a sua estrutura, que consistia em uma plataforma integral de fibra de vidro reforçada com aço laminado de cada lado e liga à carroceria, igualmente de fibra.
Esse mesmo ano de 1956 assistiu ao surgimento do Berkeley, de motor Anzani, também construído em fibra de vidro. Com tração dianteira, representou um dos modelos mais esportivos dos bolha. Sua projetista, Laurie Bond, tornara-se célebre por seu Bond Mini-Car, de 1949. O berkeley, porém, saiu de cena em 1961.

Dos ingleses, um dos projetos mais memoráveis foi o do Scootacar, um curioso dois lugares equipado com motor de 197cc. Versões posteriores foram dotadas de motor de 324cc. Em seu aspecto, sobressaía a impressão de que o Scootacar era alto demais para sua largura.
Um dos menores de todos os carros-bolha foi o Peel, monoposto de 49cc cuja maior distinção é Ter sido o único veículo produzido na ilha de Man. Tinha 134cm de comprimento e surgiu tarde demais no mercado, em 1962, quando os bolha estavam em queda. Era tão leve que a marcha à ré foi considerada desnecessária, pois ele podia ser virado com as mãos.
Os carros-bolha eram, em muitos aspectos, deficientes demais para sobreviverem por muito tempo. E seus produtores simplesmente deixaram a idéia de lado ou, então, passaram para projetos mais substanciais.
Tentativas mais recentes foram o Bond Bug japonês, no começo dos anos 70, e o Ghia Trio, dez anos depois. O ghia, que deveria abrigar três pessoas, não passou da fase de protótipo.
A experiência acabou mostrando que os carros-bolha já nasceram com um projeto destinado ao fracasso. Ocorre que, desde o início dos anos 20, com o Austin Seven, e muito depois, com o lançamento do BMC Mini, já ficara evidente a possibilidade de aliar condições de conforto a um desempenho mais que razoável, dentro de parâmetros de custo e dimensões espantosamente reduzidos.
ATÉ A PRÓXIMA PESSOAL !!!!









segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um projeto antigo, mas ausente nos dias de hoje

Tendo em vista a realização de um automóvel de baixo custo e com alto índice de economia, podemos reviver a realização de um projeto feito na Itália no pós-guerra com os mesmos objetivos que transformou a Romi-Isetta em um mito.
Em 9 de abril de 1953 a empresa italiana Iso Automotoveicoli, fabricante de motocicletas e triciclos comerciais, apresentou no salão de Turim um projeto iniciado em 1952 denominado Isetta, que consistia em um automóvel de baixo custo, voltado para a realidade da economia do pós-guerra italiano. Projetado pelo engenheiro aeronáutico Ermenegildo Preti e seu colaborador Pierluigi Raggi, possuia características peculiares, como porta frontal para facilitar o acesso ao interior do veículo, pequenas dimensões, boa dirigibilidade e performance suficiente para a época (máxima de 80km/h) com um consumo de até 25km com apenas um litro de gasolina.
No Brasil, com o contrato já assinado, o comendador Emílio Romi, apostando que o futuro seria dos automóveis compactos, ágeis e econômicos, publicou no jornal Diário de São Paulo em 28 de agosto de 1955 que as indústrias Romi iriam iniciar a produção do Romi-Isetta. Lançado em 5 de setembro de 1956, este pequeno carro consistiu no primeiro automóvel de fato fabricado em território brasileiro.
Ao todo, no período de 1956 até 1961, foram fabricadas cerca de três mil unidades no Brasil, muitas das quais ainda hoje permanecem em perfeito funcionamento nas mãos de colecionadores.



Motor e transmissão

BMW, ciclo de quatro tempos, resfriado por turbo ventilador,
um cilindro com 72mm de diâmetro e 73mm de curso,
volume de 298cm³ (300cc), taxa de compressão de 7:1,
potência de 13HP a 5200rpm.

Dimensões e pesos
Comprimento, 2,285m;
largura, 1,38m;
altura, sem carga, 1,34m; altura livre do solo, 20,7cm.

Peso, em condições de marcha, aproximadamente 350kg;
carga útil, 230kg.
O tanque de combustível tem capacidade para aproximadamente 13 litros, incluindo cerca de 3 litros para reserva. A caixa de câmbio tem capacidade para 1,75 litros.

Desempenho
Velocidade máxima estimada, 85km/h.
Consumo de combustível, média de 25km/l.